Publicada em 12/05/2022
A
Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) considerou
positiva a isenção do imposto de importação sobre trigo importado
de fora do Mercosul, anunciada nesta quarta-feira pela Câmara de
Comércio Exterior (Camex). A medida é válida até 31 de dezembro.
"Trigo de qualquer origem poderá ser importado sem tarifa de
importação. O preço pago pelo cereal no exterior, de fora do
Mercosul, vai ser reduzido em 9% (taxa do imposto), o que vai ajudar
a aliviar a pressão para o aumento do preço da farinha e do produto
final", disse o presidente executivo da entidade, Rubens
Barbosa, ao Broadcast Agro. Segundo ele, também será um novo
elemento de competição ao trigo nacional durante a entressafra.
Atualmente, a indústria moageira importa entre 50% e 60% do volume
consumido no País, de cerca de 12 milhões de toneladas
anuais.
Segundo Barbosa, a isenção do tributo para
volume indeterminado até o fim do ano havia sido pedida pela
indústria à Camex há cerca de duas semanas. Até então, a isenção
da Tarifa Externa Comum (TEC) abrangia uma cota de 750 mil toneladas
anuais. De acordo com Barbosa, a isenção do imposto foi solicitada
ao governo pela dificuldade de abastecimento da indústria em meio à
guerra entre Rússia e Ucrânia, que levou importadores destas
origens recorrerem a outras origens disponíveis, como a Argentina -
fornecedora tradicional de trigo ao País.
"Moinhos
entendem que não vai haver desabastecimento no mercado doméstico,
mas os preços tendem a continuar altos porque a maior parte do
cereal é importada e o preço internacional está elevado. Com a
guerra, moinhos estão no mercado avaliando comprar trigo de qualquer
procedência, desde que haja disponibilidade. A medida vem ao
encontro dessa demanda", disse o presidente executivo da
Abitrigo.
Barbosa, contudo, admite o efeito limitado da
medida, já que os preços internacionais do cereal estão em
patamares elevados como reflexo da guerra, com tendência de que
continuem sustentados no curto e médio e prazo. "Tanto (preços
do) trigo da Argentina quanto do Canadá e de qualquer outra origem
estão quase 40% mais altos. A medida visa reduzir a necessidade de
aumento do preço das massas, pães e biscoitos a partir da menor
pressão do custo da farinha. A isenção alivia um pouco o custo do
cereal adquirido no exterior, mas o preço do trigo continua
elevado", apontou Barbosa. Ele avalia que a amenização no
custo do cereal adquirido no exterior vai "ajudar" na
compra de trigo importado durante a entressafra nacional, que se
estende até meados de outubro.
Farinha - A Camex isentou
também a importação de farinha de trigo até o fim deste ano. Para
Barbosa, a medida desafia a indústria moageira nacional, em cenário
de redução de margens de rentabilidade, mas ele considera favorável
por estimular o livre mercado. "Vai aumentar a competitividade
para a farinha nacional, mas estamos no livre mercado e somos
favoráveis. Entendemos que os moinhos brasileiros estão bem
equipados e produzem farinha competitiva de qualidade", observou
Barbosa
Fonte: ABITRIGO
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